quarta-feira, agosto 02, 2006

MÉTODO CIENTÍFICO E LOGANÁLISE: SEGUNDO MÓDULO

O lingüístico e o extra-lingüístico (os termos em itálico e seguidos de asterisco têm definição em nosso GLOSSÁRIO)

Tomemos a seguinte definição:

guffaw =df Gelächter

A identidade definitória acima implica que, dentro da teoria que a acolher, um termo pode substituir o outro sem infringir a condição salva veritate. Mas, para quem não tenha um vocabulário relativamente sofisticado do inglês, a que pertence a primeira palavra, ou do alemão, a que pertence a segunda, tal definição não implicará nada mais do que isso: permanecerá como uma proposição que nada designa fora do universo lingüístico. Se, entretanto, para uma platéia que fala português, eu acrescentar –

guffaw =df Gelächter =df gargalhada

– teremos, certamente, nesse momento, ultrapassado os limites de um universo ocupado apenas por símbolos, que eternamente se substituem uns aos outros, sem nada designar para além deles. Teremos passado do universo lingüístico para o extra-lingüístico, passagem a que denominaremos de referência* (A maior parte de nosso encontro anterior foi dedicada a uma análise das várias maneiras através de que se pode fazer essa passagem, cuja natureza, aliás, acabo de assinalar ad modum ponens).

ENTIDADE EXTRA-LINGÜÍSTICA: Entidade referida.

ENTIDADE LINGÜÍSTICA: Entidade referente.

REFERÊNCIA: Ato ou processo de associar um elemento lingüístico a um extra-lingüístico.

O estabelecimento preciso das condições de passagem do lingüístico para o extra-lingüístico é uma característica essencial das ciências factuais. Alinhada entre essas últimas, cumpre à Loganálise explicitar as condições em que pretende fazer tal passagem. E, para isso, precisa responder à seguinte pergunta: em seu salto para extra-lingüístico, quanto desse extra-lingüístico ela pretende abocanhar? Uma primeira aproximação da resposta a essa pergunta seria a seguinte: mais do que pretendem as ciências de inspiração positivista, como o behaviorismo, e menos do que certos departamentos da filosofia, como a ontologia. Passamos, doravante, a detalhar o significado dessa resposta.

As entidades extra-lingüísticas: entes de realidade e entes de razão

Chamemos de entes (ou entidades)de razão* àqueles que, existindo apenas em nossas mentes, não podem ser causa nem efeito diretos de nenhum fenômeno empírico inter-subjetivamente observável. Chamemos de entes (ou entidades)de realidade (ou reais) àqueles que existem fora de nossas mentes, podendo ser causa e/ou efeito de fenômenos empiricamente observáveis.

ENTE (ou ENTIDADE) DE RAZÃO:
1. Todo e qualquer elemento não referido de um discurso;
2. Toda a entidade extra-lingüística * incapaz de manter relações de causa-efeito com dados empíricos inter-subjetivamente observáveis. Cf. Idealização*.

ENTE (ou ENTIDADE) DE REALIDADE (ou REAL): Entidade extra-lingüística capaz de manter relações de causa-efeito com dados empíricos inter-subjetivamente observáveis.

O extra-lingüístico: 1. Idealizações

Entre os entes de razão, interessam-nos particularmente as idealizações*:

IDEALIZAÇÃO: Todo e qualquer ente de razão* entendido em seu sentido (2).

Na medida em que as idealizações não são entes reais, nada que observemos empiricamente pode ser considerado causa ou efeito delas. Ouçamos RUDNER:

“Semanticamente, a característica predominante das idealizações é a de que, literalmente, nada descrevem – não existe entidade, processo ou estado de coisas com que a idealização se situe em relação designativa ou descritiva.” [1] (Evidentemente, onde Rudner fala de “entidade, processo ou estado de coisas”, entenda-se “entidade, processo ou estado de coisas reais”.)

A despeito de nada existir, fora de nossa mente, que corresponda às idealizações, elas, por seu valor heurístico, foram e continuam sendo usadas pala ciência e pelo conhecimento comum, como bem se vê pelos seguintes trechos de CHISHOLM onde as vemos compreendidas sob o título de “contrary-to-fact conditionals”:

“A significant part of our knowledge is usually expressed in subjunctive and “contrary-to-fact” conditional statements. We seem to have knowledge of what might have happened, or what would have happen if certain conditions were realised, or of what tendencies, faculties or potentialities an object could manifest in suitable environments. And this, most of us would be inclined to say, is valid and significant, even though the possible events to which it seem to pertain may never become actual.”[2]

E ainda:

“In general, it may be said that adequate understanding of science and history requires the ability to consider the consequences of hypotheses known to be contrary-to-fact. In the study of anatomy, for instance, it would be difficult to assess the importance of an organ or function unless we were able to conceive what would happen if that organ or function did not exist. In physics it is necessary to be able to conceive of states of affairs which, in all likelihood, will never become actual. Thus Galileo, as is well known, founded his dynamics upon the conception of a body moving without the influence of any external force. Examples of this sort may be readily multiplied.” [3]

Evidentemente, uma das maiores utilidades de uma idealização é permitir, tomada ela como referência, uma classificação dos entes reais. (Veremos como, por exemplo, em posição antípoda à da anti-psiquiatria, defendo, em minha tese, um conceito de saúde mental perfeita – ideal – relativamente a que devem ser ordenados os diversos níveis de doença mental – estes, sim, esmagadoramente reais.) Entretanto, embora as idealizações – termo que empregaremos para nos referir tanto a entes quanto a condições que só existem sob forma de idéia – se multipliquem, tanto nas ciências naturais – cf., p.e., os conceitos de “pêndulo matemático”, “motor sem atrito”, “impacto perfeitamente elástico”, da Física – quanto nas ciências sociais – cf., p. e., os conceitos de “concorrência perfeita”, “indivíduo economicamente racional”, “mercado perfeitamente accessível”, da Economia – seu emprego, extremamente bem sucedido nas primeiras, tem seu valor menos firmemente estabelecido nas últimas.

“Essa diferença na utilidade do emprego das idealizações nas ciências naturais e nas ciências sociais talvez possa ser explicada se empregarmos as expressões de Hempel[4] – “idealizações teóricas” e “idealizações intuitivas” – para diferençar, respectivamente, entre as idealizações que preenchem ou não os seguintes requisitos, arrolados por RUDNER[5]:

1) terem seus termos metricamente definidos;
2) serem matematicamente deduzidos através da atribuição de valores-limites aos termos mencionados em (1);[6]
3) estarem inclusas dentro de um corpo teórico, mais amplo, de maneira que a validação desse último implique a validação indireta da idealização.”[7]

IDEALIZAÇÃO INTUITIVA: Toda e qualquer idealização* que não preencha os requisitos preenchidos pelas idealizações teóricas*.

IDEALIZAÇÃO TEÓRICA: Toda idealização * que preencha os seguintes requisitos:
1. Metrificação de seus termos;
2. Ser matematicamente deduzida através de valores limites atribuídos a esses termos;
3. Estar articulada a um corpo teórico de forma que a confirmação ou desconfirmação deste implique a confirmação ou desconfirmação indireta da idealização.

Embora, como vimos, as ciências chamadas sociais ainda estejam claudicando no que diz respeito à precisão na formulação de suas idealizações, a Loganálise se dispõe a acolher esses entes de razão entre seus referentes extra-lingüísticos, sempre que, como ocorre com o conceito de saúde mental por ela esposado, os considerar instrumentais para seus propósitos. Já entre os entes reais, que passamos a estudar, ela irá, como veremos, deixar fora de suas teorizações o que se convencionou chamar de númeno*, referindo-se apenas às entidades inferidas* e às entidades observacionais*.

O extra-lingüístico: 2. Númenos[8].

Vejamos como encarei a questão dos númenos, em minha tese:

“... ao iniciarmos este trabalho, nossas posições epistemológicas eram inspiradas por autores de índole neopositivista[9], de forma que, juntamente com eles, considerávamos o conjunto de conhecimentos tradicionalmente englobados sob o título de Ontologia um conjunto de pseudo-conhecimentos, constituído por uma série de respostas sem significado atribuídas a uma série de perguntas igualmente sem significado. Uma diversificação da consulta bibliográfica[10], contudo, foi suficiente para alterar esse ponto-de-vista, basicamente no sentido de considerar legítimo o conhecimento que tem por alvo o númeno. O cabimento da postulação de um númeno, que só na filosofia moderna tem farta tradição – cf., p. e., DESCARTES[11], D’ALEMBERT[12], CONDILLAC[13], BONNET[14], MAPERTUIS[15], KANT[16] - fica particularmente evidente através da exposição feita por BERTALANFFY do “enfoque da biologia moderna inaugurada por Jacob von Uexküll sob o nome de Umwelt-Lehre[17]. Segundo esse relato de BERTALANFFY, a proposta de UEXKÜLL[18].

'Consiste essencialmente em afirmar que cada organismo vivo corta uma fatia do grande bolo da realidade, que lhe é possível perceber e à qual pode reagir devido a sua organização psicofísica, isto é, a estrutura dos órgãos receptores e efetores[19]. VON UEXKÜLL e KRISZAT[20] apresentaram fascinantes quadros que mostram como uma mesma seção da natureza é vista por vários animais. “... Tomemos, por exemplo, um carrapato de alcatéia num mato à espera da passagem de um mamífero em cuja pele se instala para beber o sangue. O sinal é o odor de ácido sulfúrico proveniente das glândulas epidérmicas de todos os mamíferos. Seguindo esse estímulo, o carrapato mergulha. Se caí sobre um corpo quente – como se fosse movido por seu agudo sentido térmico – alcançou a presa, um animal de sangue quente e só necessita encontrar, com auxílio do sentido do tato, um lugar livre de pelos para perfurar. Assim, o rico ambiente do carrapato encolhe-se até metamorfosear-se em uma minguada configuração a partir de que brilham, como um farol, apenas três sinais, que são, contudo, suficientes para conduzir seguramente o animal até a sua meta. Ou, então, alguns ouriços-do-mar respondem a qualquer escurecimento batendo juntos seus espinhos. Esta reação é aplicada invariavelmente contra uma nuvem ou um bote que passam ou o inimigo real, um peixe, que se aproxima. Assim, embora o ambiente do ouriço-do-mar contenha muitos objetos diferentes, seu meio só contem uma característica, a saber, a redução da intensidade da luz.' ”[21]

Entenderemos essa mesma realidade que, como nos mostra vividamente UEXKÜLL, atinge fenomenicamente cada espécie de forma diversa, como correspondendo à substância, ao númeno, à coisa em si[22], termos clássicos da filosofia, considerando que tal realidade corresponde aos componentes do nível ontológico de nossa atividade cognitiva.”[23]

Hoje, diferentemente do que fazem os positivistas, não considero esses termos – objeto principal de referência da Ontologia, uma variação da Metafísica, ramo da Filosofia – como vazios de significado, mas sim, como um ponto-de-fuga de nossas abstrações sobre a totalidade do mundo fenômenico. A Ontologia, com efeito, “estudia los caracteres fundamentales del ser, los caracteres que todo ser tiene y no puede dejar de tener”[24]. Os termos da ciências factuais, jamais tem por referência o(s) númeno(s) porque, a existência desse(s), embora, como vimos, seja uma exigência racional para dar coerência ao nosso pensamento sobre o mundo fenômenico como um todo, em nada nos assiste para dar conta das transformações que ocorrem nas porções bastante limitadas desse todo de que cada uma daquelas ciências se ocupa.

O extra-lingüístico: 3. Entidades inferidas e Entidades observacionais.

Eliminado o númeno, enquanto referentes extra-lingüísticos das ciências factuais, e, portanto, da Loganálise, resta-nos considerar mais duas categorias de entidades reais, e decidir quais, dentre elas, vamos acolher em nossas teorizações. Tais entidades já foram tão diversamente nomeadas na história da ciência – já foram chamadas de “construtos”, “construções”, “construtos hipotéticos”, “entidades inferidas”, “variáveis intervenientes”, etc.,[25] – que, para nosso uso, proponho deixarmos de lado essa salada terminológica, e, tendo tomado nota de que ela existe, nos restrinjamos ao emprego das expressões entidades observacionais* e entidades inferidas*, que passo a esclarecer.
O que chamaremos de entidades observacionais é o que RUSSELL definiu como “nothing but a certain grouping of certain sensibilia”[26]: nada mais do que um certo agrupamento de certos dados sensoriais. É evidente que, em nosso trabalho clínico, estaremos freqüentemente trabalhando com entidades observacionais, como, por exemplo, distúrbios de motilidade. O que acontece, entretanto, se, diante de um determinado distúrbio de motilidade, afirmamos ser ele uma conversão*? Antes de mais nada, em termos de linguagem, estaremos sendo bastante frouxos (não obstante, caso cientes disso, tal frouxidão possa ser desculpável, por razões de economia). Dentro de um linguajar preciso, um distúrbio de motilidade jamais poderia ser uma conversão. Qualquer pessoa minimamente versada na teoria psicanalítica sabe que, isto sim, que um distúrbio de motilidade pode ser um dos elementos diretamente observáveis de um processo mais amplo, que abrange vários elementos inobserváveis – supostos deslocamentos de energia dentro de subsistemas de um igualmente suposto aparelho psíquico. Esses elementos não observáveis – entidades inferidas – se encadeiam de forma ter entre seus efeitos observáveis – entidades observacionais – o referido distúrbio de motilidade. A relação entre entidades inferidas e entidades observacionais é feita pelo que podemos chamar de regras de correspondência*. Por exemplo, a proposição “Se há um sintoma conversivo, há recalque” é uma regra de correspondência.

Assim, temos:

ENTIDADE INFERIDA: Entidade extra-lingüística real * que mantém relações explícitas com entidades observacionais* segundo o determinado por uma ou mais regras de correspondência*.

ENTIDADE OBSERVACIONAL: Entidade extra-lingüística real* composta por, e apenas por, um deteminado conjunto arbitrariamente selecionado de dados observáveis.

NÚMENO: Entidade extra-lingüística real* que não mantém relações explícitas com entidades observacionais* segundo o determinado por uma ou mais regras de correspondência*.

REGRA DE CORRESPONDÊNCIA: Qualquer proposição que estipule condições de relação entre, por um lado, uma ou mais entidades inferidas* e, por outro, uma ou mais entidades observacionais*.

Há um grupo de pensadores – por vezes chamados de positivistas e que, suponho, estão em via de provável extinção – que sustentam não deverem as ciências trabalhar senão com entidades observacionais, confundindo númenos, que não se fazem acompanhar de regras de correspondência que os relacionem com elementos específicos do mundo empírico, com entidades inferidas, que se fazem acompanhar delas, e considerando, por isso, esses dois últimos tipos de entidades reais como “metafísicas” e, portanto, pertencentes ao domínio da filosofia. O behaviorismo – que, desde algumas décadas, de forma sub-reptícia e algo envergonhada, tenta, para sobreviver como ciência, escapar da camisa-de-força positivista que inicialmente adotou – é um exemplo dessa naïveté metodológica, que já chegou – pasmemos! – a ser sustentada por pensadores do calibre de um BERTRAND RUSSELL[27] e que, aplicada a contento, nos levaria a conclusão de que um surdo de nascença, caso não fosse também cego, poderia pretender estudar cientificamente a luz, fazendo física[28], mas, ao estudar o som, deveria contentar-se com fazer filosofia, pois estaria trilhando dimensões metafísicas! Por sua vez, o cego de nascença que não fosse surdo, ficaria na posição inversa: poderia estudar o som como cientista, mas quando estudasse a luz estaria necessariamente sendo um filósofo! E mesmo uma pessoa com audição normal estaria deixando de fazer Física para fazer Metafísica, quando, ao estudar o som, deixasse os limites em que ele é acessível ao ouvido humano para enfocá-lo em níveis só accessíveis a certos animais. Muita bobagem, não? Teriam sido os positivistas que levaram NÉLSON RODRIGUES a cunhar a expressão “idiotas da objetividade”?! À parte o reductio ad absurdum de que podem ser alvo, do ponto de vista lógico, as criticas positivistas ao emprego de entidades inferidas no âmbito da ciência, do ponto de vista pragmático, o recurso a essas últimas potencializa o poder preditivo de uma teoria de uma forma que, mostra a experiência e sugere a razão, o mero recurso a entidades observacionais não é capaz de fazer.

“(the) inferred element which Russell is so anxious to avoid is precisely the factor that must be added to every construct to give it predictive value.”[29]

Com efeito, se, frente a suas próprias características e a outros dados do contexto que ocorre, interpreto um distúrbio motor – entidade observacional – como eqüivalendo a um sintoma conversivo – entidade observacional explicada por uma determinada teoria, a Psicanálise – eu passo automaticamente a encarar tal distúrbio como efeito de um processo de recalque – entidade inferida! – ou seja, de insuficiente investimento energético – entidade inferida! – em um determinado conjunto de representações de palavra – entidade inferida! – e de excessivo investimento energético no correspondente conjunto de representações de coisa – entidade inferida! Tal entendimento, por sua vez, via regras de correspondência, leva-me imediatamente fazer novas previsões sobre o empírico – bloqueios da verbalização, presença de indicadores de fratura, de indicadores de fixação, de transferência, de meta-transfêrencia, de disforias, de deficits de racionalidade e de arbítrio, etc. – cuja correção ou não deverá ser verificada, numa eterna e extremamente fecunda dialética entre o não-observável e o observável.
Antes de encerramos este item de nossa exposição, note-se que o status de observacional ou inferida que atribuímos a uma determinada entidade depende das circunstâncias em que estamos inseridos. Se um neurologista, em seu consultório, verifica em seu paciente a presença de uma hemianópsia bilateral e atribui tal fenômeno a uma lesão no quiasma ótico, tal lesão, naquele momento, tem o status de entidade inferida, mas um status instável, que pode ser alterado durante uma cirurgia, uma autópsia, ou a qualquer outro tipo de sofisticado exame não invasivo. Já os íons de hidrogênio que podemos inferir presentes em uma substância através da leitura de um medidor de pH tem um status mais estável de entidade inferida. Não tenho notícia de que se haja inventado nenhum recurso tecnológico capaz de transformar íons em entidades observáveis. Daí, inclusive, a recomendação de BECK:

“in view of the fact that the inferred entity may later be observed, we prefer that the internal organization of the inferred entity be analogous to something in the world of direct experience.”[30]

Não nos esqueçamos que, durante milênios, para a humanidade, a outra face da lua não foi mais do que uma entidade inferida...

Os níveis de atividade cognitiva

Resumamos o que foi dito até aqui, no seguinte quadro, que sumariza os níveis de atividade cognitiva:

A. NÍVEL LINGUÍSTICO: símbolos

B. NÍVEL EXTRA-LINGUÍSTICO:

2.1.1. Nível Científico-Factual:
2.1.1.1. Entes reais:
2.1.1.1.1. Entidades observacionais
2.1.1.1.2. Entidades inferidas

2.1.1.2. Entes de razão: idealizações.

2.1.2. Nível Metafísico:
2.1.2.1. Entes reais: númenos
2.1.2.1. Entes de razão: idealizações

Ficamos por aqui. Encontramo-nos no próximo – e último – módulo.

[1] Rudner, R. S. op. cit., p. 90.
[2] Chisholm, R. M. “The Contrary-to-Fact Conditional”, in: Feigl, H. & Sellars, W. (Eds.). Readings in Philosophical Analysis. New York: Appleton-Century-Crofts, 194, p. 482.
[3] Ibid., p. 483.
[4] Hempel, C. “Problems of Concept Formation in the Social Sciences”, in: Science, Language, and Human Rights. Philadelphia: University of Pennsylvania Press, 1952.
[5] Rudner, R. S.. Op. cit., p. 94-95.
[6] Por exemplo, a construção do conceito de “gás ideal” através da atribuição do valor zero ao volume e à atração gravitacional de suas partículas materiais, consideradas puntiformes.
[7] Ebraico, L. C. de M. Op. cit, p. 39-40.
[8] A notação “o(s) númeno(s)” deve-se à polêmica de se pode haver ou não mais de um ente dessa natureza.
[9] Notadamente: Carnap, R. “Logical Foundations of the Unity of Science”, in: Feigl, H. & Sellars, W. (Eds.). Readings in Philosophical Analysis. New York: Appleton-Century-Crofts, 1949; Feigl, H. “The Mind-Body Problem in the Development of Logical Empiricism”, in: Feigl, H. & Brodbeck, M. (Eds.). Readings in Philosophical of Science. New York: Appleton-Century-Crofts, 1953; Hempel, C. G. “The Logical Analysis of Psychology”, in: Feigl, H. & Sellars, W. (Eds.), op. cit; Lewis, C. I. “Some Logical Considerations concerning the Mental”, ibid.; Ayer, A. S. Logical Positivism. New York: Free Press, 1959; Abril Cultural (Ed.) Os Pensadores, cap. 67: “Carnap, Schlick, Popper”. São Paulo: Abril, 1974;
[10] Abbagnano, N. Op. cit., passim; Bunge, M. Metascientific Queries. Springfield: Charles Thomas, 1959; Benjamin, A. C. Operationism. Springfield: Charles Thomas, 1955; Bertalanffy, L. von Teoria Geral dos Sistemas. Petrópolis: Vozes, 1973; Edwards, P. The Encyclopaedia of Philosophy (8 vols.). New York: MacMillan, 1967, passim; Feigl, H. “Mind-Body Problem, not a Pseudo-Problem”, in: Hook, S. (Ed.) Dimensions of the Mind. New York: New York University Press, 1960; Harré, R. The Philosophies of Science. London: Oxford University Press, 1972; Köhler, W. “The Mind-Body Problem”, in: Hook, S. (Ed.), op. cit. ; Pepper, S. C. “A Neural-Identity Theory of Mind”, in: Hook, S. (Ed.), op. cit.; Sprague, E. “The Mind-Brain Problem”, in: Hook, S. (Ed.), op. cit. ; Ullmo, J. La Pensée Scientifique Moderne. Paris: Flammarion, 1969.
[11] Descartes, R. Princípios de Filosofia (II, 3), cit. in: Abbagnano, op. cit., p. 249.
[12] Alembert, J. le R. D’. Eléments de Philosophie, parágrafo 19, cit. in: Abbagnano, op. cit., ibid..
[13] Condillac, E. B. Logique, apartado 5, cit. in: Abbagnano, op. cit., ibid..
[14] Bonnet, C. Essai Analytique, parágrafo 242, cit. in: Abbagnano, op. cit., ibid..
[15] Mapertuis, ... . Lettres (IV), cit. in: Abbagnano, op. cit., ibid..
[16] Kant, L. Crítica da Razão Pura (Analítica dos Princípios, cap. III), cit. in: Abbagnano, op. cit., ibid..
[17] Bertalanffy, L. von. Op. cit., p. 302.
[18] Uexküll, J. von. Umwelt und Innenwelt der Tiere. Berlin: Springer,1920; Id., Teoretische Biologie. Berlin: Springer,1929; Uexküll, J. von & Kriszat, G. Umwelt und Innenwelt der Tiere. Berlin: Springer,1934.
[19] Essa dependência do percebido em relação à estrutura cognitiva do percebedor é igualmente enfatizada por Bunge: “This is partly due to our psychophysical organisation: name that we have neither receptors for every one of the impulses impinging upon us, nor effectors for every one of the sensations, images, ideas, etc., that originate in us.” Bunge, M., op. cit., p. 118.
[20] Uexküll, J. von & Kriszat, G. , op. cit..
[21] Uexküll, J. von. Umwelt und Innenwelt der Tiere. Berlin: Springer,1920, in: Bertalanffy, L. von. Op. cit., p. 302-304). É curiosíssima, nessa transcrição, a oposição proposta entre “ambiente” e “meio”, sugerindo que o primeiro se refere a todo o real e o segundo, à fatia desse a que o ouriço tem acesso perceptual. Não tive acesso ao original. Vissicitudes da tradução?
[22] Os termos “númeno”, “substância” e “coisa-em-si”, estão, aqui, sendo usados sinonimicamente.
[23] Ebraico, L. C. de M. Op. cit., p. 12-14.
[24] Abbagnano, N. Op. cit., p. 795 (grifo meu)
[25] Cf., p.e., Beck, L. W. “Constructions and Inferred Entities” e MacCorquodale, K & Meehl, P. E. “Hypothetical Constructs and Intervening Variables”, in: Feigl, H. & Brodbeck, M (Eds), op. cit..
[26] Russell, B. Mysticism and Logic, cit. In: Beck, L. W., op. cit., p. 370.
[27] Cf. Benjamin, A. C. “Science and Vagueness”, in Beck, L. W., op. cit., p. 374.
[28] Assim mesmo, naturalmente, física medieval, não contemporânea...
[29] Benjamin, A. C., ibid.
[30] Beck, L. W.. Op. cit., p. 377.